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Início ›Jongo de Pinheiral ganha dia municipal e tem tarde de comemoração
Quando se pergunta qual o principal atrativo de Pinheiral, a resposta é quase unânime: Pinheiral tem Jongo! E foi ao som dos tambores e na entoação dos pontos, que a Câmara Municipal de Pinheiral, cidade da Região Sul do Estado do Rio de Janeiro, teve tarde de festa e emoções nesta segunda-feira, 7 de abril. O motivo não é pouco: Pinheiral é o primeiro município do Sudeste a dedicar um dia ao Jongo. Assim, foi instituído o dia 07 de abril como Dia Municipal do Jongo.
Em 2011, o dia 26 de julho, Dia de Sant’ana, padroeira do Jongo de Pinheiral, foi estabelecido, por iniciativa do Deputado Estadual Robson Leite na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, como o Dia Estadual do Jongo. Agora, é a cidade de Pinheiral que dedica um dia ao Jongo.
A cerimônia começou às 14h e o auditório da Câmara estava cheio. Entre os que participavam da solenidade, estavam jongueiros, representantes de órgãos públicos e a comunidade local. Na mesa, Maria das Graças, a “Gracinha”, representando o Creasf (Centro de Referência de Estudo Afro do Sul Fluminense) – Jongo de Pinheiral, Mãe Torody, da casa Ilê Axé Ala Koro Wo, o professor Paulo Carrano, da Universidade Federal Fluminense, o Babalorixá Pedro Paulo Nogueira e representantes da prefeitura de Pinheiral e de cidades vizinhas discorriam sobre a criação da data, que emocionou toda a comunidade jongueira da cidade.
Mesa no início da cerimônia.
O Grupo Jongo de Pinheiral ressaltou, por meio de depoimentos durante toda a cerimônia, o significado da criação desse dia para a comunidade. Gracinha enfatizou como esse dia mostra que o Jongo é importante para a cidade e para o grupo que se organiza no Creasf. O Creasf, fundado em 1996, mantem viva a tradição deixada pelos negros que foram escravizados na Fazenda de São José do Pinheiro, berço da cidade de Pinheiral. Segundo João Paulo Silveira, jovem liderança jongueira da comunidade, o Jongo nessa região nunca parou, se manteve após a abolição e seus ensinamentos são passados de geração em geração desde então.
A escolha do dia sete de abril faz homenagem à data de nascimento do falecido Mestre Cabiúna, um dos responsáveis por manter a tradição viva na região. Mestre Cabiúna era muito querido pelos jongueiros e ensinava o Jongo e os costumes, transmitindo o legado de uma tradição reconhecida em 2005 como Patrimônio Cultural Imaterial pelo Iphan.
A ideia de criar o Dia Municipal do Jongo surgiu a partir da necessidade de reconhecer e afirmar a manifestação cultural como marca de Pinheiral, afirma o prefeito José de Arimathea. O idealizador da lei, o vereador Cláudio Fadul, recebeu uma bela homenagem no meio da solenidade: uma roda de Jongo se formou no palco do auditório, reunindo, na dança, jongueiros jovens, velhos e até os políticos presentes na mesa.
Memeia e vereador Claúdio Fadul dançam no auditório da Câmara.
A cerimônia teve fim duas horas depois e contou com uma palestra, ministrada por Mãe Torody, Paulo Carrano e Pedro Paulo Nogueira, e diversas apresentações de pontos,e da dança, que em outras regiões do Sudeste também é conhecida como Caxambu. No encerramento da solenidade, a belíssima participação de Nica, jongueira de Barra do Piraí/RJ, cantando “Sou negro sim” deixou no ar o que foi a tarde de segunda-feira em Pinheiral, uma reunião de reconhecimento da história do povo negro da cidade que soube manter viva a sua tradição, de alegria e de celebração ao Jongo
Após o fim do encontro no auditório, foi servido um lanche e uma Roda de Jongo se formou em frente à Câmara. A festa teve continuidade na Casa do Jongo, sede do Ponto de Cultura da comunidade.
A festa continuou do lado de fora da Câmara Municipal.