Eixos de Ação: Capacitação/Qualificação

Realização de oficinas de extensão

A presença do Pontão de Cultura do Jongo/ Caxambu na Universidade Federal Fluminense faz parte do conjunto de deliberações definidas em uma reunião promovida pelo Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP), no ano de 2007, entre lideranças jongueiras, gestores institucionais e pesquisadores do tema.

Esta decisão levou em consideração o compromisso desta universidade em atuar nos níveis de ensino, pesquisa e extensão junto às comunidades jongueiras e o longo trabalho desenvolvido por distintas pesquisas e ações de extensão com as comunidades do sul e do noroeste fluminense.

Através de diagnóstico realizado pelas comunidades, cinco temáticas foram identificadas como demandas urgentes e sugeridas para dar início às atividades do Pontão.
No primeiro ano de execução do Programa foram realizadas 15 oficinas de extensão. Desenvolvidas em módulos, durante um final de semana, replicadas em três grandes regiões do território jongueiro (Sul Fluminense; São Paulo; Noroeste e Norte Fluminense/Zona da Mata Mineira/Espírito Santo), estes encontros foram organizados tendo por base metodologia participativa, com a utilização de materiais diversificados, alguns criados especialmente para a sua realização. (Vídeos, planilhas, quadros, apresentações, mapas situacionais, entre outros).

As equipes das oficinas eram constituídas por professores, estudantes de graduação e pós-graduação da UFF, pesquisadores colaboradores e jongueiros. Cada comunidade jongueira selecionou cinco representantes para participação em cada oficina, o que resultou em um público médio de, aproximadamente, 20-40 pessoas por encontro.

A estrutura da oficina (transporte dos jongueiros, hospedagem, alimentação) foi fornecida pelo Programa e organizada em parceria com as comunidades anfitriãs.

1- Oficina de Organização Comunitária (2008)

A oficina teve por objetivo identificar as necessidades em termos de desenvolvimento e de organização comunitária. Ao final da mesma, cada comunidade elaborou uma carta de intenções que expressava tanto a adesão ao projeto do Pontão de Cultura quanto uma proposta de ações de desenvolvimento e organização comunitária. 

Elaboração e realização: Elaine Monteiro

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Quadro Síntese Oficina de Organização Comunitária – Dinâmica Pontão de Cultura do Jongo/Caxambu 

2- Oficina de Identidade Negra (2008)

Tendo em vista as questões e lutas nas quais estão envolvidas as comunidades jongueiras – processos de titulação de terras quilombolas, reconhecimento da identidade quilombola, inserção da cultura negra nos currículos das escolas básicas (Lei Federal nº 10.639/2003) e valorização dos saberes e práticas jongueiras em seus municípios de origem – esta oficina investiu em atividades que tiveram como objetivo a recuperação da história da chegada dos antepassados dos integrantes das comunidades jongueiras em seus municípios. Por meio delas, refletiu coletivamente sobre os processos de exclusão sofridos pela população negra (pretos e pardos, de acordo com a classificação racial do IBGE) e, também, sobre suas posições sociais, suas condições de vida e percepções identitárias.

O debate girou em torno das novas lutas empenhadas pelas comunidades e sobre o importante papel de cada jongueiro e jongueira no combate às desigualdades raciais e afirmação de suas práticas culturais.

Elaboração e realização: Délcio José Bernardo, Fábio Nogueira e Mônica Sacramento.

Oficina de Identidade Negra (Noroeste Fluminense)
Porciúncula – 11 a 13/07/2008

Oficina de Identidade Negra (São Paulo)
Piquete – 11 a 13/07/2008

Atividade de Sensibilização – Campanha “Onde você guarda o seu racismo” (IBASE)

Reescrita do Poema “Tem gente com fome” de Solano Trindade (Oficina Identidade Negra - Piquete)

Oficina de Identidade Negra (Sul Fluminense)
Quilombo Santa Rita do Bracuí – 07 a 09112008

Atividade em Grupo

Plenária final – Apresentação das demandas por região

3– Oficina de Memória Oral e Educação Patrimonial

A oficina teve como objetivo a capacitação de agentes comunitários para a produção de acervos históricos e centros de memória em locais relacionados com os territórios do jongo e com a trajetória dos jongueiros, por meio do desenvolvimento das seguintes temáticas: História do jongo e das comunidades jongueiras; memórias e histórias da escravidão e da liberdade; História oral, História oficial e memória coletiva; História do patrimônio cultural no Brasil; patrimônios culturais nacionais: material e imaterial; educação patrimonial; métodos da história oral e da construção de genealogias; organização de acervos, de museus e de centros de memória.

O resultado final da oficina encontra-se registrado no livro “Pelos Caminhos do Jongo”, organizado pelas Professoras Hebe Mattos e Martha Abreu e pela equipe de estudantes vinculados ao Laboratório de História Oral e Imagem (Labhoi-UFF)

Elaboração e realização: Hebe Mattos, Martha Abreu, Eric Brasil, Camila Marques, Thiago Campos, Matheus Serva, Camila Mendonça, Gilciano Menezes, Diego Salim, Luciana Leonardo, Fernanda Pires Rubião, Iohana Freitas, Luana Oliveira e Emanuela Caeres.  

Oficina Memória, Patrimônio e História (Sul Fluminense)
Barra do Piraí – 12 a 14 de setembro

Oficina Memória, Patrimônio e História
São José dos Campos – 04 a 06 de Novembro de 2009

4– Oficina de Áudio e Vídeo (2008)

A oficina teve como objetivo instrumentalizar tecnicamente agentes comunitários para o manuseio seguro dos equipamentos, visando à apropriação dos meios de realização e expressão audiovisual. A qualificação envolveu a compreensão do universo e das formas de linguagem audiovisual e investiu no debate entre os jongueiros sobre as potencialidades contidas nos meios comunicacionais e o uso de imagens pelas comunidades.

Elaboração e realização: Valter Filé, Marcela Bertoletti, Patricia Ramos

5 – Oficina de Jovens Lideranças Jongueiras (2008)

A oficina teve como objetivo favorecer a reflexão sobre o lugar dos jovens na cultura e nos territórios jongueiros, como meio de estimular o surgimento de novas lideranças nas comunidades. Para tanto, colocou aos participantes o desafio de pensar e identificar quais expectativas as comunidades jongueiras têm em torno deste sujeito, bem como, as percepções que possuem sobre a condição juvenil dentro de seus grupos de origem.

Em seu desenvolvimento, propôs o debate sobre o papel e a atuação dos jovens dentro e fora das comunidades, além de provocar uma reflexão sobre outros possíveis espaços de participação em diálogo com as recentes políticas públicas de juventude.

Elaboração: Paulo Carrano, Julia Zanetti e Mariana Camacho.
Realização: Julia Zanetti e Mariana Camacho.

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Quadro com as principais demandas da Juventude Jongueira 

6- Oficina Juventude, Educação e Identidade Negra (2009)

Parte das ações da II Noite do Jongo, as duas oficinas realizadas em Pinheiral e no Quilombo Santa Rita do Bracuí, tiveram como objetivo discutir com jovens de comunidades jongueiras do sul fluminense aspectos referentes à Lei Federal nº 10.639/2003 articulados às temáticas, questões e atividades organizadas na “Coletânea O Jongo na Escola”.

Os conteúdos trabalhados nesta oficina, dinamizada por bolsistas do Pontão de Cultura do Jongo/Caxambu, contemplaram aspectos da educação patrimonial (Decreto Federal nº 3.551, Política de Patrimônio Imaterial, patrimônio material, imaterial, natural e arqueológico, entre outros.) em sua vinculação com os pressupostos da referida lei.

O encontro possibilitou a reflexão sobre a aplicação da lei nas escolas frequentadas pelos jovens jongueiros, contribuindo para que dela se apropriassem.
Espera-se, com este tipo de formação, que a juventude jongueira escolarizada tenha maiores condições de forjar espaços para o desenvolvimento de atividades que incluam nos currículos escolares os saberes e princípios na cultura jongueira.

Elaboração e realização: Andrieve Martins, Mariana Nery e Rodrigo Rios.
Coordenação e Supervisão: Elaine Monteiro e Mônica Sacramento 

7- Oficina de Formação de agentes de pesquisa para aplicação do Questionário Sócio – Econômico

Como uma das etapas da pesquisa “Perfil Socioeconômico das Comunidades Jongueiras do Sudeste”, a oficina teve como objetivo oferecer treinamento a 16 jovens indicados pelas comunidades para atuarem como agentes de pesquisa na aplicação de questionário, na primeira fase desta investigação.

Realizada nos dias 17 e 18/09/2009, no Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP), o encontro possibilitou a apresentação dos objetivos e instrumentos de pesquisa, que ainda em fase de análise dos dados, visa conhecer a comunidade através dos membros do grupo reunindo informações que subsidiem a formulação de políticas públicas no campo da salvaguarda de bens imateriais.

8 - Oficina de Edição (2012)

Organizada a partir da demanda de comunidades jongueiras que desenvolvem a gestão de Pontos de Cultura (Piquete/SP, Barra do Piraí/RJ e Quilombo Santa Rita do Bracuí/RJ), o programa da oficina buscou sensibilizar dois integrantes de cada comunidade para o trabalho de edição não linear tendo como foco a produção de filmes documentários.

Esta demanda vincula-se à necessidade de domínio das ferramentas de mídias disponíveis nos Kits Multimídias dos Pontos de Cultura, que têm se configurado como novos contextos de expressão dos quais as comunidades jongueiras não querem ficar à margem.  A produção, finalização e exibição de filmes, por parte das comunidades, inscrevem-se como um esforço de afirmação cultural e compreensão a partir da realidade em que estão  inseridas.

É importante que o registro das biografias dos mestres do jongo e suas histórias, bem como, os registros dos próprios eventos realizados pelas comunidades e quaisquer outras formas expressivas, tenham a devida finalização para que circulem entre os grupos, nos municípios e gerem repercussão.

Como produto final da oficina, cada dupla de participantes editou um vídeo de 5 minutos, a partir do acervo de imagens do Pontão de Cultura do Jongo/Caxambu e do Observatório Jovem.

“Jongo de Vovó”– Angra dos Reis

“Depoimento com Mestre Gil sobre o Jongo de Piquete”– Piquete

“Mestre Enéas fala sobre o Jongo”– Barra do Piraí

Atividades de formação de Professores para a Educação das Relações Etnicorraciais (ERER) e para a Educação Patrimonial
(Seminários Educação, Cultura e Patrimônio: A Diversidade na Escola- Lançamento da Coletânea “Jongo na Escola”)

Os Seminários tiveram como objetivo principal sensibilizar o corpo docente das escolas públicas localizadas no “território Jongueiro” para o uso do material didático “Jongo na Escola”, de acordo com as determinações e os pressupostos da lei 10.639/2003.

Esses seminários foram organizados pelas próprias comunidades, em parceria com as secretarias municipais de educação e cultura e com o Pontão de Cultura do Jongo/Caxambu.

Localidades:

• Piquete/SP- 17 e 18 de Novembro de 2009;
• Santo Antônio de Pádua/RJ- 20 de Novembro de 2009;
• Quilombo Santa Rita do Bracuí/RJ-  11 de Fevereiro de 2010;
• Piraí/Arrozal/RJ- 14 e 15 de Abril de 2010;
• Miracema/RJ-11 de Maio de 2010;
• Porciúncula/RJ- 13 de Maio de 2010;
• Serrinha/RJ-28 de Agosto de 2010;
• Barra do Piraí/RJ (Com participação dos grupos: Quilombo São José-Valença/RJ, Pinheiral/RJ e Vassouras/RJ) - 21 de Setembro de 2010.

Garantir assessoria permanente às comunidades do Pontão de Cultura

O trabalho de assessoria no Pontão de Cultura do Jongo/Caxambu se baseia no princípio da organização comunitária, busca compreender os processos organizativos das comunidades e as realidades locais para, de forma participativa, desenvolver um plano de ação com as lideranças jongueiras.

A organização comunitária está prevista como ação de salvaguarda no Programa Nacional de Patrimônio Imaterial. A primeira oficina desenvolvida no Pontão foi a Oficina de Organização Comunitária, com uma abordagem inicial das atividades desenvolvidas em cada comunidade, de seus principais problemas e de possíveis soluções, assim como forma de discussão da proposta do Pontão de Cultura em cada comunidade e de identificação de como cada uma delas se posicionava com relação ao programa, além do questionamento das expectativas que tinham com relação ao mesmo. A oficina foi o ponto de partida para o trabalho com a organização comunitária, que se desdobrou na assessoria às comunidades no desenvolvimento de suas ações.

O trabalho da equipe de assessoria é desenvolvido a partir da seguinte dinâmica:

1. Reunião mensal de assessoria na comunidade, para trabalho com o líder e com o grupo;
2. Reunião mensal da equipe de assessoria;
3. Reuniões periódicas com a coordenação do Pontão de Cultura, mediante solicitação de uma das partes;
4. Elaboração de um plano de trabalho para cada comunidade;
5. Organização e desenvolvimento de ações pontuais nas comunidades, junto com as lideranças e com os grupos;
6. Organização e desenvolvimento das ações do Pontão nas comunidades, junto com as lideranças;
7. Registro de todas as atividades realizadas;
8. Sistematização do trabalho desenvolvido pelos grupos e atualização permanente do material de assessoria de cada comunidade;
9. Elaboração de relatórios parciais das atividades desenvolvidas e de relatório anual do trabalho de assessoria.